domingo, 29 de novembro de 2015

2ª edição do FUNICONCURSO “Publicação Solidária”
www.estudarnafuniber.com


MULHERES SEMENTES

Desde que me entendo por gente fui levada por minha mãe à participar de projetos voluntários. Já participei de projetos de todas as formas que vocês  possam imaginar. Porém, depois de quase 30 anos de trabalhos em comunidades carentes e com pessoas em situações de risco,  comecei a pensar que cuidar de tantas necessidades (financeiras, psicológicas, familiares, etc...) era praticamente impossível em um só projeto, pois por mais que fizéssemos por algum membro da família,  outros problemas continuavam.
A grande questão portanto teria que ser conseguir uma mudança estrutural em toda a família. Foi então que uma ideia (iluminada!!) surgiu... Eu sempre amei trabalhar com gestantes e pensei que elas sim, poderiam ser o canal para essa mudança familiar. Deveríamos criar o vínculo com o bebê, refazer os vínculos com os outros filhos e dar uma assistência completa a essa família, tudo através dessa mulher. Elas seriam a semente! Elas implantariam os valores e criariam um lar. Todo o resto se arrumaria por si só...
E assim começou muito modesto em 2011, numa salinha emprestada o projeto “Mãe Cidadã”.  Eram cerca de 8 mulheres no primeiro encontro e na verdade mal sabíamos realmente como conduziríamos todos os nossos planos até porque eles demandavam muitos recursos financeiros.
Divulguei que precisava de voluntárias em meu grupo “psicólogos do bem” que eu já mantinha desde 2003, de preferência estudantes de psicologia ou psicólogos. Infelizmente o retorno foi muito pequeno, apenas 1 pessoa respondeu ao meu chamado e ela nem era psicóloga, mas para quem está com vontade,  duas pessoas já são suficientes. Para custear o projeto lancei aulas online (que na época era super novidade) para psicólogos. Essas aulas eram pagas e com o dinheiro comprávamos os passes de ônibus, enxoval e lanche. Era um verdadeiro milagre!
A base do projeto eram reuniões mensais onde essas mulheres (assim como as gestantes dos planos de saúde) receberiam em forma de palestras, orientações sobre a gestação e família. Nosso público alvo eram gestantes em situação de risco. Divulguei o projeto em postinhos de saúde  da cidade e para meu espanto, fomos muito indicados pelos profissionais que ali trabalhavam. A demanda se tornou incrível: meninas de 12 anos, mulheres abusadas sexualmente, mulheres com histórico de violência familiar, etc. Todas com histórias pessoais fantásticas.
Além das palestras, as mulheres receberiam o passe (para poder ir e vir das reuniões) e também um pouquinho de enxoval a cada encontro que para nós poderia ser o incentivo que elas precisavam para participar. Pensamos que pela dificuldade financeira elas acabariam se deslocando e “caindo na nossa armadilha”. Buscariam  enxoval e receberiam educação.
Logo as reuniões passaram a ser quinzenais pois os temas eram muitos: de amamentação à banho, passando por direitos trabalhistas das gestantes e pós parto até orientação sexual e familiar. Reuniões extras eram agendadas porque elas queriam conversar!! O enxoval era sim importante, mas para elas, poder se reunir e dividir suas mazelas era o céu. Falar de suas dúvidas como mãe, como esposa, como mulher...Em pouquíssimo tempo tornamos as reuniões semanais e elas recebiam informações sobre todos os seus papéis e dávamos ênfase no vínculo com o bebê e com os outros filhos. Só quem participou sabe o quanto eram ricos os momentos de conversa com essas mulheres- guerreiras maravilhosas,  abrindo suas  vidas, buscando força uma nas outras e querendo crescer.
Logo éramos cerca de 6 voluntários estudantes de psicologia ,  eu que já era psicóloga e vários profissionais da cidade  que passaram a se oferecer voluntariamente para orientar essas mulheres. Advogados, enfermeiros, ginecologistas, etc. As coisas começaram a acontecer... E passamos a oferecer muito mais a cada reunião.
Em três meses de projeto criei em minha casa uma central para receber doações que começaram a aparecer de todos os lados e sem qualquer divulgação: eram roupas, berços, fraldas, móveis, etc... Minha casa parecia um depósito! Passei a dormir no quarto com minha filha para poder colocar as doações no meu.
Logo expandimos o projeto para os filhos que essas mulheres já tinham. Conseguimos um local maior (afinal tínhamos 40 vagas), com outra sala para que os filhos pudessem, enquanto as mães assistissem as palestras, ficarem com as estagiárias de psicologia e trabalhassem suas próprias dificuldades. Eles ganhavam uma “mini cesta”: bolachas, doces, leite, brinquedos e itens de higiene.
Os maridos e pais passaram “a ter vez” e eram convidados em algumas reuniões para trabalharmos a família. Eram as reuniões mais divertidas com dinâmicas, muita risada, declarações de mudança de vida e muito choro.
Foi com muita alegria que vimos famílias se transformarem... O amor, o respeito, a cumplicidade foram plantados nesses lares. O Psicólogos do Bem e eu (Karina Rodrigues, como idealizadora) ganhamos prêmios por esse projeto e ele se fortificou por si só. Com meu mestrado em Educação na FUNIBER o projeto se fortaleceu ainda mais  pois minha ênfase no curso foi em educação à distância. Isso fez com que repensássemos o alcance do projeto  e estamos estruturando uma plataforma virtual que atenderá  mãezinhas em situação de risco em todo o Brasil. Com recursos usados na Europa (meu mestrado foi pela UNIVERSIDAD de JAÉN na ESPANHA pela FUNIBER) faremos  algo a nível global.
Hoje, perdemos o local de atendimento, mas como tudo que fazemos de bem tem o seu retorno, estamos terminando o projeto de construção da nossa sede própria! Agora com o nome de INSTITUTO ÂNIMA,  teremos 2 andares, sendo um salão de cursos totalmente equipado e 7 salas de atendimento.  Um lugar muito especial com muita natureza e equipamentos modernos. Tudo construído com acessibilidade e alguns de nossos profissionais atenderão inclusive  deficientes auditivos.
Voltaremos com o projeto “ Mãe Cidadã” em 2016 com força total,  de forma presencial e à distância, levando conhecimento, educação, orientação e a esperança maravilhosa para mulheres de todos os cantos do Brasil.
Meu nome é Karina Rodrigues, sou psicóloga, professora, mestre, mãe e mulher.
Espero que essas linhas inspirem e transformem. GRATIDÃO





PRIMEIRA REUNIÃO EM 2011- 8 MULHERES

EU E A PRIMEIRA VOLUNTÁRIA MÁRCIA GORI


MEU PORTA MALA DO CARRO- SEMPREEE LOTADO DE DOAÇÕES

REUNIÃO EM 2012 JÁ NO ESPAÇO NOVO- AULA DE SHANTALA: MASSAGEM EM BEBÊS

TODA REUNIÃO ELAS RECEBIAM UM MIMO:














terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Reportagem da drª Karina Rodrigues de fim de ano na revista Perfil:

É incrível como o ser humano adora começos e fins!!! 
Saber que existem datas determinadas para começar e terminar as coisas tira o peso da responsabilidade das costas da gente, não é? Acabar o ano de 2012 significa que tudo que fizemos esse ano vai ficar no passado, e um novo futuro nos espera. Um futuro muito mais promissor,
É 
o famoso: ano que vem vai ser diferente... Vou começar um regime, vou trabalhar menos (ou mais), vou viajar mais...
Fim de ano também é época de “encontrar a família”, trocar presentes e comemorar! É uma época mágica, quando o 13º chega, viajamos, curtimos a família, fazemos as compras de Natal (humm as compras de Natal!! Que delícia!!) e até, quem diria, fazemos caridade doando aquelas famosas sacolinhas para crianças carentes. Nos sentimos mais vivos do que nunca!
O clima é de esperança, fraternidade e amor.
Mas na verdade, os únicos responsáveis por essa mágica somos nós. Nada mudou, somos as mesmas pessoas, o mundo é o mesmo e pasmem, mas as crianças carentes e sua família sempre existiram, o ano todo. Com exceção do 13º salário, tudo está como antes.
O que muda é que nessa época nos permitimos viver diferente, curtirmos as coisas. Como dizia Joseph Campbell: “Dizem que o que procuramos é um sentido para a vida. Penso que o que procuramos são experiências que nos façam sentir que estamos vivos.”
E o fim de ano faz sentirmos que estamos vivos!
Assim como vocês, Amo o Natal! Montar a árvore com as crianças ou levá-las para ver o papai Noel no Shopping é uma delicia, assim como dar aquele presente especial para a mãe. Mas ler à noite para as crianças em maio, ou ir visitar a mãe e tomar um café com ela, só pelo prazer de perguntar como ela está em setembro são também momentos muitooo especiais .
Vamos começar hoje (independente da data que é hoje!) a nos sentirmos vivos e tirar de nossas vidas tudo o que não faz mais sentido e buscar a realização de nossos desejos. Isso sim é que é FELIZ ANO NOVO!! O emprego, o relacionamento, a amizade ou o hábito que não nos faz felizes deve ser repensado. Vamos refazer nossas crenças e conceitos de vida. Vamos parar de sofrer de “síndrome de Gabriela” (aquela da novela) que canta a musiquinha: eu nasci assim, vou ser sempre assim...
Vamos ser flexíveis, abrir mão do que não faz bem, o passado já foi e o futuro ainda não veio. Vamos nos amar e nos respeitar, para conseguir dar ao outro o que ele precisa de nós.
Desejo a todos vocês um feliz Natal e um excelente ano novo. E que vocês consigam ser felizes por todos os meses de 2013, abraçando sua família, suas amigos e trabalhando com amor.
Que no fim de 2013 possamos dizer... ahhhhhhhhh já acabou?









sábado, 29 de setembro de 2012

Reportagem de Setembro da revista Perfil Norte:

CRIANÇAS- MANUAL DE INSTRUÇÃO

Se você é mãe ou pai, já pensou: Ai! Criança devia vir com manual de instrução...
Isso acontece por causa do grande drama da educação e seus limites. Ninguém falou que educar é fácil, precisa de disciplina dos pais. Disciplina e atenção. 
Sim, a disciplina é dos pais. Porque a criança tem sua personalidade, mas muit
o do que ela é, vem do que chamamos EDUCAÇÃO. E a educação nada mais é do que ensinar a criança como a vida é, o que ela pode fazer, o que ela deve fazer e como enfrentar as situações do dia a dia.
Costumamos dizer que ter filhos faz de nós pessoas melhores, porque quando somos responsáveis por um outro ser mudamos nossos hábitos e nossa vida.
Se eu bato no meu filho quando ele não faz o que eu quero, estou sim ensinando algo pra ele, não tenham dúvidas. Estou ensinando ele que quando algo der errado, a solução é dar “umas porradas” em quem não fez o que a gente quis. Se eu não tenho livros não posso exigir dele o hábito da leitura.
90% da educação se resume em DAR EXEMPLOS...
Por outro lado, tenho que colocar os limites. Limite é orientar a criança o que ela deve ou não fazer. Mas na maioria das vezes o erro na educação está na medida. Limite demais, limite de menos.
Se eu não educo meu filho a escovar os dentes ele nunca vai escovar os dentes. Quanto a isso: Sim, não se engane, não existe fórmula secreta, temos que mandar todo dia, repetidamente, até ele aprender. Sim, é cansativo, temos que explicar o porquê, explicar a importância e consequências, é necessário.
Continuando, não existe criança que durma às 2h da manhã, existe pai e mãe que não colocam a criança pra dormir às 22h. E não é só uma questão de hábito, é uma questão de saúde. Dormir cedo, se alimentar bem, brincar e ter uma vida regrada e emocionalmente estável é importante pra formação da criança.
Devemos ensinar à criança que ela deve valorizar o descanso, o silêncio e o lazer. Temos que ensinar como eles terão qualidade de vida!
E limite demais também estraga, temos que deixar tomar banho sozinho, fazer tarefa sozinho (com nossa supervisão é claro). para aprender, a criança deve experimentar, tentar... Nada mais gostoso que ver a criança aprendendo a fazer um bolo ou ajudar a gente nas tarefas da casa. Não se iludam, eles conseguem e eles gostam.
Costumamos dizer que ter filhos faz de nós pessoas melhores, porque quando somos responsáveis por um outro ser mudamos nossos hábitos e nossa qualidade de vida.
Então vamos combinar, nem demais e nem de menos, educar certo é ter medida.
Muito amor e muito exemplo pra nossas crianças!